Páginas

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Reflexo


Quando girei a chave, escutando a porta se trancar, as lágrimas possuíram meus olhos. Escorreguei lentamente pela parede azulejada e fria até o chão me abraçar. Uma sensação de ódio se instalava em meu corpo. Desejei mudar e sucumbir as expectativas dela. Desejei encontrar a perfeição em mim.

Desejei, em seguida, simplesmente ser aceita. Poder encarar a mim mesma e me satisfazer com o que contemplo. Me satisfazer com o que sou sem haver a necessidade de uma busca incansável por algo que nunca serei capaz de alcançar.

Respirei fundo na tentativa de sessar minhas lágrimas, entretanto, elas caiam sem pudor. Eu já soluçava. O conhecido sentimento de solidão se apoderando do meu ser. A vontade de ferir-me explodindo em meu íntimo. Deitei-me no chão gelado e fitei o teto branco, rogando por coragem para expulsar tudo o que me habitava. Implorando a forças superiores para ser forte o suficiente. O silêncio me apavorava aos poucos.

De repente, as batidas na porta ecoaram pelo espaço pequeno. Droga. Ouvi a voz de minha mãe, questionando se eu estava bem. Apanhei o ultimo vestígio de alto controle que me restava e respondi. Não desejava responder seus questionamentos sobre o porque de minha tristeza repentina. Ela nunca foi capaz de aliviá-la. Sua capacidade de entendimento a respeito delas era escassa. 

Finalmente, guardei tudo no fundo de meu íntimo e levantei dali. Entrei no chuveiro e deixei que a água fria anestesiasse o meu peito. Resolvi procurar acender uma pequena luz em mim.