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sábado, 28 de agosto de 2010

I'll take you there.


Assim que ele girou a chave na porta e deu passagem para que eu entrasse, mal pude acreditar no que via. Fitei o cômodo e sorri extasiada. Da varanda, adentrava uma luz solar que iluminava a sala espaçosa e as cortinas postas ali dançavam ao toque da brisa fria. As paredes pintadas de terracota complementavam o ambiente e, mais adiante, um violão descansava encostado na parede. Algumas almofadas foram jogadas estrategicamente no chão e convidavam para um repouso.
- Então, o que achou? – Ele perguntou no meu ouvido e envolveu minha cintura por trás num abraço prazeroso.
- É incrível! – Respondi, virando-me pra ele e beijando seus lábios carnudos. Desejei nunca esquecer a textura daquela boca que tanto esperei para experimentar e os toques precisos de suas mãos hábeis que me provocava arrepios contínuos.
Ainda abraçada a ele, pus-me a contemplar o apartamento recém comprado e reformado meticulosamente ao nosso gosto. Não havia muitos móveis, apenas o essencial para que nos mudássemos no dia seguinte. Caminhei lentamente, explorando os cômodos, enquanto ele me seguia com um sorriso cheio de expectativa.  
No corredor, as paredes foram pintadas de bege e pequenos quadros com figuras indecifráveis foram pendurados nas paredes. Senti suas mãos guiarem-me em direção a uma porta fechada e, em seguida, vendarem meus olhos. Indaguei o porquê daquilo.
- Você verá! – ele respondeu em um tom enigmático.
Ocultando meus olhos com uma mão apenas, tateou a maçaneta da porta com a outra mão e a abriu. No chão do quarto, um colchão nos aguardava, junto com alguns de nossos pertences. Vasculhei o quarto com os olhos e, adormecido dentro de uma cesta, jazia um filhote de buldogue francês. Fui golpeada por mais uma rajada de felicidade instantânea. Queria pegá-lo assim que acordasse.
 Deitamos-nos ali e ele me beijou novamente, daquele modo que inflamava minhas entranhas de desejo. Perdi-me em lembranças longínquas e decidi apagá-las da minha memória. Nada mais importava. Já me satisfazia a ideia de acordar todo dia ao amanhecer, envolvida nos braços dele.






 

I have dreamt of a place for you and I
No one knows who we are there
All I want is to give my life only to you
I've dreamt so long, I cannot dream anymore
Let's run away, I'll take you there.

terça-feira, 24 de agosto de 2010


E algo me diz que isso não pode ser real

E eu perdi meu poder para sentir, esta noite

Que todos nós somos vítimas de um crime

Quando tudo se vai e não pode ser recuperado

Nós não podemos parecer abrigar a dor por dentro

Todos nós somos vítimas de um crime.

falling apart


Matar alguém não era uma tarefa fácil, tampouco promissora. Apesar disso, algo me dizia pra continuar na tocaia, aguardando o momento certo para atacar. Sentei naquele espaço sujo e encostei a Sniper no canto da parede, abri a garrafa de água e tomei dois goles. Era um final de tarde quente e a umidade do ar era baixa. Xinguei-me mentalmente por ter aceitado este trabalho. Fitei o céu por alguns minutos, mentalizando todas as instruções que recebi e me perdi na imensidão com colorações incríveis diante dos meus olhos. Sempre fui fascinada pelo cair da noite.

Despertei em míseros segundos com o som dos fogos de artifício que anunciavam a chegada da minha presa. Procurei no bolso da calça jeans a cigarreira azul petróleo -ganhei do meu avô aos meus dezessete anos. – e apanhei um Marlboro Medium. O acendi com o isqueiro que sempre carrego comigo – presente do meu avô também. – e traguei, soltando, em seguida, a fumaça branca e entorpecente no ar.

Uma multidão se aproximava junto com ele; todos o aplaudiam, o veneravam. Com um sorriso de canto, posicionei a Sniper com a eficiência que fui ensinada e com a sua aproximação vantajosa, atirei.

O caos foi instalado. A roupa branca dele agora se manchava de vermelho. Toda a segurança que foi estipulada para protegê-lo procurava o causador de tamanho alvoroço. Alguns corriam na direção dele e checava o tamanho do ferimento em sua têmpora esquerda. E eu, satisfeita com meu desempenho, saia tranquilamente da cobertura do prédio com a arma do crime pendurada nas costas.

E se me encontrassem? Ninguém nunca conseguiu esse feito. Eu não era uma qualquer, eu fui treinada para matar. Exterminar a pessoa certa ou não, a sangue frio ou não. Eu era paga. Aquele era meu trabalho. Entrei no carro e fugi com o sentimento de dever cumprido.

domingo, 22 de agosto de 2010


Eu vou beber o que você derramar

E eu vou fumar o que você suspirar

Do outro lado do quarto com um olhar em seus olhos

Eu tenho um homem à esquerda e um menino à direita

Começo a suar então me abrace apertado.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

good bye.


Tome o seu rumo, siga sua vida, não ouse olhar pra trás. E se você ousar olhar pra trás, que não me procure; eu não estarei no mesmo lugar que você me deixou. Com as mesmas intenções que as suas, seguirei a minha vida. Buscarei minha felicidade, encararei a vida, brigarei pela realização dos meus sonhos.

Foram bons momentos aqueles. Aqueles em que nossa ligação parecia nunca ser capaz de quebrar. Sorriamos da desgraça e encarávamos as dores que nos foram impostas. Promessas foram feitas e planos foram construídos. Coisas que não me arrependo e nem me arrependerei de ter feito. E diante de uma bela paisagem, você prometeu nunca me abandonar. O erro foi meu?

Então vá, tome o seu rumo, siga sua vida, não ouse olhar pra trás. E se você olhar pra trás, que não me procure; eu não estarei no mesmo lugar que você me deixou. Eu continuei com os pés descalços, caminhando por uma estrada solitária onde a única companhia que eu tive foi da minha respiração cansada. Em determinados momentos chorei. As cicatrizes não existiam mais, porém eu sentia falta da tua presença para acalentar minha alma.

Aqui estou eu, acenando meu ultimo adeus e deixando-te partir.