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sábado, 27 de novembro de 2010

Courtesan - PARTE 6



As palavras de Dom Pietro agora vagavam no meu íntimo. Conjurei o mais puro sentimento que ainda sentia por Alaster. Meses se passaram desde nosso ultimo encontro e a saudade que eu sentia daquele nobre homem acabara de vir à tona. Assim que Dom Pietro deu o recado sem oferecer-me mais informações, questionei-me se desejaria vê-lo novamente. A resposta não tardou a vir. Troquei a vestimenta que estava, arrumei os meus cabelos da melhor maneira possível e fui ao seu encontro. Meu coração batia com violência no peito. Eu ansiava vê-lo novamente.
Nunca havia percebido que os corredores do Le Chat Noir eram tão longos. Ou seria devido a minha ansiedade funesta que o prolongava a cada passo? Amparei minhas mãos no corrimão da escadaria de mogno, meticulosamente encerada, e dei os primeiros passos. No salão principal, distingui a silhueta do cavalheiro abrigado na penumbra do bar. Permiti-me apreciar um pouco do calmo ar ao meu redor e fui ao seu encontro. Sem aviso prévio, a confusão se instalou. Sr. Chevalier virou-se e encarou-me com um olhar que beirava o desprezo e a compaixão. Uma de suas mãos amparava uma bengala lustrosa. A vestimenta fina e a barba bem feita davam-lhe um ar mais arrogante do que sua expressão facial já demonstrava. Não encontrei o olhar quente e castanho de Alaster. Ao invés disso, um olhar verde água que avaliava. 
Duque Chevalier tinha vindo ao meu encontro com intenções que eu desconhecia.
- Senhorita Juliete? – Sua voz era grave condenava. Apenas fiz um aceno de cabeça e confirmei. Ele me lançou um sorriso sádico.
Nenhuma palavra foi dita até ele recomeçar.
- Creio que deve saber quem eu sou, correto? – A segunda pergunta lançada sobre mim parecia querer resposta.
- Seria uma tola se não soubesse. – minhas palavras quase mudas rastejaram e depositaram-se sobre os pés daquele homem.
Outro sorriso foi oferecido a mim, áspero e nocivo.
- Creio que essa seja uma boa notícia, então! – ele prosseguiu. – Deve saber que sou um homem de objetivos e não costumo desperdiçar o meu tempo.
-Compartilho a mesma característica, Duque Chevalier. – ofereci a ele uma reverência em sinal de respeito. – Então lhe peço que não gaste o seu tempo nem o meu com pré-conversas! Peço-lhe que me fale logo que o trouxe aqui.
- Qual é o seu preço para esquecer meu filho? – seu olhar verde penetrou-me com força.
- Minhas sinceras desculpas pela extrema ignorância, Duque Chevalier – minhas palavras eram calmas, porém, o desprezo que sentia carcomia-me por dentro. – mas seu dinheiro não pode pagar tal coisa. Está acima de qualquer bem material ou riqueza. Nota-se que está acima de sua compreensão também já que o Senhor se deu ao trabalho de vir até aqui fazer-me uma proposta como esta.
A postura refinada do Duque desvaneceu-se em um sopro e seu rosto se contorceu com a tamanha petulância de minha parte. Claramente, ele tomou fôlego para rebater minhas palavras.
- Permita-me dizer que não será necessário tamanho investimento. – Fitei-o longamente. – Não busco o seu filho, ele que vem até mim. – Encarei seus olhos uma ultima vez e deixei que provasse uma dose do meu castanho. Por fim, entreguei-o minha ultima declaração:
- E não se preocupe, Duque Chevalier... Ele não me honra com sua presença há meses.
Com mais uma reverência, rumei até as escadas, deixando aquele homem da alta sociedade francesa em completo estado de estagnação.


O salão encheu de uma maneira inacreditável. Durante cinco anos vivendo ali, nunca havia visto o Le Chat Noir tão amontoado de cavalheiros; eles aguardavam ansiosos ao início da apresentação de dança. Naquela noite, em especial, tomei a decisão de não me apresentar à dança. Juntei-me às cortesãs de passeavam pelo salão, seduzindo os cavalheiros que apreciavam os corpos a se mexer sobre o palco. Providenciei um vestido que evidenciava o tamanho dos meus seios não tão fartos, mas dignamente aproveitáveis, e acentuei minha cintura com o corselet de cor vermelho vinho.
Transitar no salão não foi algo tão simplório. A cada passo, sentia palmadas e afagos nas nádegas.  Agarravam meus seios e recitavam-me palavras obscenas. No auge máximo do auto controle, a sutileza dele me surpreendeu.

Antony Irving.  Era o seu nome.

Eu rumava ao encontro de Isabele, confidenciaria a informação sobre a chegada do cavalheiro que ela aguardava, quando a mão de Antony envolveu meu pulso. Sua fala era mansa e temperada com sotaque britânico. O cabelo negro caia sobre a face pálida. Preservava um olhar misterioso nunca visto. Pensei que encontraria nele a solução para esquecer Alaster. E seguindo minhas intuições, doei-me a ele. Doei-me inteiramente. E em meio ao ato, pude provar das piores sensações. Era como voltar ao início de tudo. Retornar cinco anos.

- EU PRECISO FALAR COM ELA!
Gritos.
- Sr. Chevalier, controle-se! – Dom Pietro buscava acalmar o causador do alvoroço.
Levantei-me numa velocidade recorde e comecei a recolher minhas vestes. Antony despertou do cochilo e encarou-me numa confusão extrema.
- POR FAVOR, DOM PIETRO, POR FAVOR! – Alaster implorava chorosamente; o desespero escorrendo do seu tom de voz.
- Queira se acalmar, Sr. Chevalier... Por Deus! – Era notável a inutilidade das tentativas de Dom Pietro. A calmaria tardaria a chegar ao filho do Duque.
 Vestida e ciente do que faria, encarei Antony Irving, pedindo-lhe um perdão mudo e sua reposta veio da mesma forma. Ele incentivou-me com o olhar calmo enquanto meu nome soava pelos corredores. Um chamado melancólico de doer à alma.
Abri a porta do quarto e acenei para a situação que se postava a minha frente.

Ela me devolveu o aceno.

domingo, 21 de novembro de 2010

Courtesan - PARTE 5



Todos nós temos segredos.
Sejam eles grandes ou pequenos, buscamos incansavelmente escondê-los.

Ninguém sabia que as tábuas do assoalho daquele quarto ocultavam de forma tão completa. No anseio de esconder aquela caixa, busquei na tábua solta, que sempre protestava com um ruído sombrio ao pisar, o lugar ideal. Um maço de cartas, presas com uma fita de cetim vermelha, revelavam notícias mandadas semestralmente por uma mãe amargurada, que não aceitava a ausência da filha. Juntamente a elas, podia-se encontrar relatos da uma vida no Le Chat Noir repleta de lúxuria excessiva. Eram palavras mortas, rabiscadas em papel e esquecidas com o tempo.
Numa madrugada morna, podia-se notar algo a mais reluzir nos meus olhos cansados. Talvez o brilho nos meus olhos superasse o das safiras da pulseira. A esperança parecia ter se jogado aos meus pés e eu a tivesse absorvido. Quando adentrei no quarto, certifiquei-me de que todas as outras estavam adormecidas e busquei a caixa no esconderijo. Sentei-me no chão e, cuidadosamente, a abri. 
O cheiro de segredo me atingiu. 
Acomodei a pulseira num cantinho da caixa que parecia só estar esperando-a. Em seguida, rendi-me a relatar os acontecimentos. Escrevi, com a caligrafia fina, tudo que necessitava expor. O quanto à felicidade havia me bombardeado após saber da reciprocidade do filho do duque. Passei minutos arranhando o papel com as declarações da mais bela noite que tive, guardando a carta juntamente com a pulseira em seguida. A caixa abraçou mais um de meus segredos. Permiti-me, após, aproveitar as horas de sono que ainda me restavam, desejando que Alaster me honrasse com sua presença em sonho.

A palma de minha mão ainda ardia. O rosto de Daphné exibia a marca da recente agressão. Algumas mechas de seu cabelo desprenderam-se do seu penteado. Ainda segurava a pulseira firmemente como se viver dependesse daquele ato. Nicole nos observava longamente, o pânico escorrendo de suas feições angulosas.
- você não tinha esse direito! – cuspi as palavras em Daphné. – queira me devolver isso, por favor!
Uma das sobrancelha de Daph se ergueu num puro sinal de desdém e a pulseira voltou ao local que antes estava, escondida dentro do decote generoso dela.
Lenora entrou no quarto e aspirou o ar carregado que pairava. Parecia intoxicar qualquer um que tivesse contato com ele.
- O que está acontecendo? – perguntou.
- Não me obrigue a repetir, Daph – meus passos iam de encontro a ela e as lágrimas abandonavam meus olhos. Uma por uma. Em sincronia. – me-devolve-a-pulseira.
Não houve reação da parte dela. Seu olhar deixava a mostra à satisfação que sentia. Meu desprezo para com ela parecia evoluir a cada segundo que se arrastava. Tentei investir em seu decote e arrancar a pulseira dali, mas a inutilidade da atitude foi logo vista. Notava-se que as atitudes dela começavam a surtir efeito. Uma raiva nunca sentida agora me habitava.
- Se ousar me bater de novo... eu juro pelo que é mais sagrado que queimo as cartas da sua mãe! – as palavras de Daphné me esbofetearam.

Eu a esbofeteei usando as mãos.

Primeiro sinal de briga no Le Chat Noir: gritos agudos se espalham pelo recinto.
Segundo sinal de briga no Le Chat Noir: passos apressados percorrem os corredores.

Foi um combate de unhadas e cabelos puxados. Quanto mais eu agredia Daphné, mas sentia vontade de agredi-la. Teria arrancado seus olhos se não fosse a presença repentina de Dom Pietro, que se deteve em agarrar-me pela cintura e interromper o conflito. Aquela altura, uma platéia infinita de garotas contemplava o fim da briga, tumultuando a entrada do quarto principal. Havia alguns rasgos no vestido de Daphné. Ela chorava com cinismo.
- O que vocês pensam que estão fazendo? – Dom Pietro pronunciou-se.
- Você é invejosa, fria e cruel! – minhas palavras foram direcionadas à Daph. – Eu espero que seu espírito podre e carniceiro queime no inferno.
Desvencilhei-me do aperto de Dom Pietro e rumei em direção à porta. Um silêncio incomodo e tenso foi sutilmente depositado no ambiente.
- Mas uma coisa... – quebrei-o sem mais objeções e as atenções se voltaram para mim. – quero que me devolva as cartas de minha mãe! E se você ousar fazer alguma coisa com elas... não acordará viva na manhã seguinte.
Ao sair do quarto, encontrei a pulseira de safiras aguardando-me na entrada do quarto. Imóvel e viva. Brilhava intensamente como sempre. Apreciei sua beleza por alguns segundos e tomei-a nas mãos, desaparecendo no corredor escuro em seguida.

Novembro se arrastou preguiçoso. Já se podiam ouvir comentários a respeito do casamento do filho do Duque Chevalier com a simpática filha da Condessa Laforet. Os curiosos e mais bem informados diziam que a moça tímida não passava dos dezessete anos. Vi na história da pequena Laforet reflexos do meu passado.
Na manhã do dia vinte e três, desfiavam os primeiros vestígios de um outono frio. Dom Pietro nos honrou com um passeio à tarde por uma Paris decorada com um céu cinzento. As folhas que se desprendiam das árvores forravam as ruas, formando um magnífico tapete marrom. Detive-me na vitrine de uma famosa modista francesa e abusei do meu anonimato para encomendar um novo vestido. Em seguida, na companhia de René, visitei uma doçaria e provei de tudo que ela poderia me oferecer, não descartando sua maior especialidade: Croissant.
Sentia falta da liberdade.
Retornei ao Le Chat Noir acompanhada por uma garoa fina e um frio que fazia-me tremer o corpo e o pensamento. Abriguei-me no quarto principal, encontrando sobre a cama as velhas cartas de minha mãe. Questionei-me qual fora a ultima vez que cruzei meu caminho com o de Daphné. A noite lá fora fez-se opaca e eu só desejava adormecer. O sono já me alcançava e eu sentia seus toques...
- Juliete... – A voz de Dom Pietro agarrou-me com força e eu me desprendi do sono. – Alguém está a sua procura lá no hall.
- Quem? – sentei-me na cama.
- Sr. Chevalier.


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Courtesan - PARTE 4



Que grande ironia; a tristeza acenava para mim.

Não fazia ideia de quanto tempo estava naquele quarto, havia perdido a noção do tempo que passava. Sabia apenas que fazia frio. Muito frio.
Sentei-me na poltrona de frente para a janela e fitei a vidraça embaçada pela névoa. O silêncio começava a doer os ouvidos... Um silêncio sepulcral que transpirava solidão.
 Por mais que eu evitasse recordar à imagem dele, todo meu esforço parecia ser em vão. Relembrei dos toques precisos das mãos dele explorando meu corpo e de sua saliva queimando a pele do meu pescoço. Algumas lágrimas umedecerem minha face.
Adormeci ali de olhos abertos.

- Juliete – ouvi a voz de Dom Pietro. – Minha querida, você precisa sair desse quarto...
Fitei-o longamente. Li na sua face barbuda e no seu olhar azul uma expressão preocupada. Sua boca balbuciava mais palavras, entretanto, sua voz se perdia no intimo dos meus pensamentos; não conseguia entendê-la.
- Não seria melhor... deixá-la aí, Dom Pietro? – a imagem de René surgiu trás dele e entrou em foco, sua voz melancólica pronunciando-se.
- O que? E deixá-la morrer nesse quarto? – ele curvou-se em minha direção e checou minha temperatura corporal. – Juliete não come há dias, impregnou-se de uma tristeza infinita e se refugiou do mundo... – senti as grandes mãos de Dom Pietro acariciarem minha face e seus olhos encontrarem os meus. – o que está havendo, minha querida?
Não me dei ao trabalho de respondê-lo. Rendi-me a envolver seu pescoço e reconfortar-me em seu abraço. Nenhuma palavra foi dita; o silêncio do quarto foi sutilmente quebrado pelos soluços do meu choro.
- Tudo bem, Juliete! Eu estou aqui.

A chama da vela iluminava a pele morena dele enquanto eu acariciava seu peito. Seus braços envolviam meus ombros e sua respiração lenta batia em minha face. Fitei sua expressão pensativa e notei imediatamente que algo estava acontecendo. Livrei-me calmamente do seu abraço e sentei-me na cama.
- Teu silêncio me assombra. – disse calmamente.
- Juliete – ele começou, parecia estar escolhendo as palavras com cuidado. – Você já deve saber que eu venho de uma família muito importante, que os Chevalier mantém uma relação de grande interesse com outras famílias igualmente importantes e...
- Onde está querendo chegar, Alaster? – apressei-o, senti o gosto amargo da angustia me possuir.
- A questão é que; é de grande costume as famílias selarem laços de afinidade e... – ele continuou.
- Eu entendo bem o que é isso, Sr. Chevalier! Não preciso que me explique. – encarei seu olhar que, agora, transbordava uma aflição notável. – quero apenas que diga o que estou me preparando para ouvir.
- Eu vou me casar em novembro.

Naquela noite, eu havia sonhado com ele. Sua imagem serena ainda brincava quando despertei pela manhã. Passei um tempo incontável deitada na cama, travando uma luta cansativa contra minhas próprias lembranças. Fitei longamente o teto do quarto e decidi levantar dali. Caminhei até o espelho da penteadeira maciça e contemplei minha expressão cansada e melancólica.
Me permiti tomar o longo banho e vestir um dos melhores vestidos cedidos por Dom Pietro. Ajeitei meus cabelos de forma meticulosa, quase obsessiva, e desci para o salão do cabaret. A primeira vista, deparei-me com o sorriso aberto de Lenora. Em seguida, René surgiu ao meu lado e presenteou-me com um abraço forte. (Dom Pietro fez questão de espalhar para as demais garotas que eu estava com uma doença forte, mas que logo melhoraria. Não pensaram elas que, na verdade, eu possuía o mal do amor.) Isabele convidou-me a aprender a nova coreografia para a apresentação daquela noite. Eu aceitei. E eu dancei. Dancei com uma vitalidade nunca vista. Talvez eu buscasse ali as forças que necessitava para continuar vivendo.

Anoiteceu tão rápido que nem me dei conta. Após um delicioso banquete, eu já me aprontava para a apresentação. As outras cortesãs não tardaram a aparecer. Rotineiramente, Dom Pietro nos anunciou e, assim que a música começou, entramos conforme a batida do ritmo. Os movimentos sensuais e precisos enlouqueciam os cavalheiros conforme o previsto. Encarei a multidão que se aglutinava junto ao palco e não encontrei o que procurava.
Um suspiro de alivio escapou dos meus lábios. Ele não havia aparecido.
Após o termino do show, três cavalheiros imploraram por uma noite com a dama vestida de magenta. Desta vez, Dom Pietro dispensou os cavalheiros, dizendo que “a dama de magenta, cujo nome era Juliete, não estava disponível naquela noite”. Voltei ao quarto e deitei-me na cama, adormecendo minutos depois.

- ISSO É UMA TREMENDA INJUSTIÇA! – aquela voz, fria e aguda, gritava. Alguém urrava num misto de revolta e indignação. A porta foi escancarada e colidiu violentamente com a parede. Abri os olhos em tempo de ver Daphné se aproximar, fervilhando de fúria.
- Daphné... – Nicole surgiu no quarto, arfando como se tivesse corrido quilômetros.
 - Você acredita ser muito importante, não é Juliete? - Daph falava com o rosto a centímetros do meu, seu olho verde transbordando desprezo.
- o que se passa? – disse calmamente, o coração pulsando dentro do peito.
- Por que Dom Pietro sede tanto aos seus caprichos? – ela disse indignada, Nicole assistia a cena, aflita. – Não consigo compreender porque você tem tantos privilégios aqui, já que você só é mais uma prostituta. Uma-reles-cortesã. Acreditou realmente que Sr. Chevalier estivesse apaixonado por você?
- você não sabe o que está dizendo, Daph – falei, senti meu coração acelerar de repente. – está fora se si.
- Você realmente acha que vai sair dessa vida? – Daphné feria-me com suas palavras. – Você realmente acha que vai conseguir se casar com o filho do duque só porque ele te deu uma jóia de presente?
- Como você sabe a respeito dessas coisas? – balbuciei, minha voz falhou.
- Pára de sonhar, Juliete – Daphné retirou a pulseira de safiras, que estava escondida entre seus seios, e me mostrou. – pára de tentar se iludir com uma coisa que não existe. Não deixe a tolice tomar o lugar do seu bom senso. Você nasceu pra satisfazer os cavalheiros... e nunca vai passar disso.
Aquele velho nó em minha garganta foi reatado, meus olhos embaçaram momentaneamente antes que algumas lágrimas escapassem fugitivas.
- Acho que foi por isso que sua família te recusou. – ela me fitou longamente, agora de maneira satisfatória.
Num ultimo instante, minha mão foi ao encontro da face de Daphné. Minha boca falou pelo meu coração munido por um ódio incontrolável.
- Cala a boca.