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terça-feira, 27 de setembro de 2011

 
Quando eu disse bom dia
eu estava mentindo
Eu estava realmente pensando em
como eu poderia parar de acordar

Ele apontou o quão egoísta
Seria eu me matar
Então eu continuo acordando

Parece com a sensação de estar caindo
Morrendo enquanto eu espero morrer
o medo de alguma coisa ou nada
Mentira solitária e vazia.


(Much Like Falling - Flyleaf)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011


"Somente o calor dos teus braços, pra esquentar meu coração e tira-lo desse frio que se chama solidão."

domingo, 18 de setembro de 2011

Le Suicidal Feeling - Parte 3


E você quer três desejos:
Um para voar pelos céus
Um para nadar como peixes
E então um outro que você guarda para um dia de chuva.
Se sua amante levar o amor dela embora.

(Three Wishes - The Pierces)

Uma luz repentina esgueirou-se para dentro do cômodo, anunciando que já amanhecera. Abri meus olhos lentamente, tentando me acostumar com a presença da claridade. Enquanto o  vento acariciava as cortinas do quarto, que dançavam ao seu toque, despertei meu corpo com uma breve espreguiçada e tateei a cama em busca do corpo dela.

Do meu lado, jazia apenas um espaço vazio.

Chamei-a, mas não houve resposta. Meu corpo arrastou-se para fora da cama - ainda era possível sentir o cheiro dela empregnado em mim - e explorei minha casa em sua busca. Gritei seu nome incontáveis vezes, acreditando que ela poderia se materializar em minha frente a qualquer instante e esboçar aquele sorriso que me tirava do eixo. 

A verdade foi jogada aos meus pés e eu me vi obrigada a apanhá-la. Ela havia partido. Abandonou minha casa, deixando-me sedenta por suas palavras de explicação. A manhã não parecia mais tão quente, agora era gélida. Pingos de chuva começaram a ser descarregados lá fora. Escorreguei lentamente pela parede e larguei meu corpo no chão frio, estava semi nua. Algumas lágrimas escaparam dos meus olhos e descansaram em meus lábios. Seu gosto era de solidão.

Lembranças da noite anterior me bombardearam e pude jurar ser capaz de sentir o toque das mãos dela em minha pele, inflamando cada poro do meu corpo. O gosto dos seus lábios ainda habitavam o interior da minha boca. Ansiei intimamente pela próxima vez que iria prová-lo. Conclui em seguida que não haveria um novamente. Sua ausência deixou o fato consumado.

O barulho repentino na porta me fez despertar de minhas recordações.

O cabelo dela estava encharcado devido a chuva lá fora. A porta foi fechada e sua voz rouca me saldou com um sonoro 'Bom dia!'. Ela me fitou longamente, esboçando um sorriso de canto. Carregava sacolas de um supermercado que havia próximo a minha casa. "Trouxe o café da manhã, tua despensa estava vazia e eu tive de ir comprar umas coisas!" Ela falava, enquanto rumava para cozinha. Levantei-me do chão e sequei as lágrimas discretamente. 

"Aconteceu alguma coisa?" Seu olhar pairou sobre mim e eu sorri. 
"Não! Eu... estou feliz por você estar aqui!" respondi. Ela me ofereceu um sorriso e começamos a preparar o café da manhã, trocando beijos, abraços, carinhos e confissões. A história foi iniciada.

sábado, 10 de setembro de 2011

Bring me to life



“Tudo havia ficado pra trás. E pra que? Para aventurar-me num corredor escuro sem saber se eu veria a luz no final dele. Meu único desejo era provar sensações sentidas à um tempo longínquo e que eu sentia falta.”

Levantar foi um ato de extrema dificuldade naquela madrugada. Não havia acordado, tampouco conseguido dormir. Preferi permanecer ali, imóvel e imersa em sensações quase dolorosas, porém, que me reviveram. Aquela sensação, que há tanto tempo não me habitava foi convidada a retornar. Não sabia ao certo se eu desejava desfrutar de sua companhia, apenas a acolhi.

As tão conhecidas lágrimas ressurgiram após tanto tempo de dolorida ausência. Busquei o número dele e liguei. Amparei-me no conforto de sua voz, aquela que me oferecia razão para permanecer no lugar. Estava tão fora de eixo. Conversamos sobre saudade e eu senti uma imensa vontade de perder-me em seu abraço reconfortante. Poderia ter passado o resto do meu dia em sua presença distante, mas o tempo nos impediu.

Os segundos viraram minutos. Os minutos viraram horas. As horas foram sendo engolidas pelo tempo e eu não receava em perdê-lo ali. Já não receava mais nada desde a minha decisão. Rendi-me apenas a aguardar a escuridão da noite invadir meu quarto e se misturar com o negrume instalado em meu interior. Desejava explorar meu íntimo. Provar cada emoção e afogar-me na intensidade de cada uma delas.

Aguardei ansiosa pelo cansaço, sentindo-o possuir meu corpo lentamente conforme minhas pálpebras pesavam. Aos poucos, fui apanhada pelo sono. Segundos antes disso, questionei-me se desejava acordar na manhã seguinte ou permanecer adormecida ali por toda a eternidade.




nota da autora: sabe quando você precisa muito fazer uma coisa para acalentar a si mesmo e consegue? finalmente.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Le Suicidal Feeling - Parte 2


"Preciso ir agora." - eu disse.
"Eu te levo em casa!" - ela sugeriu.

Pestanejei por um momento antes de assentir, plena de que eu não conseguiria dirigir até minha casa após aquelas generosas doses de whisky. Um dos braços dela envolveu minha cintura. Com a outra, ela terminou o cigarro e arrancou as chaves da minha mão. Meus olhos fitavam um horizonte que já não era mais visível, meu olfato só era capaz de captar seu cheiro, minha mente estava totalmente entorpecida com a sua presença.

Dentro do carro, a escuridão era sepulcral, incomoda. Descancei a cabeça no banco enquanto ela colocava o cinto de segurança e dava partida. Enquanto ela dirigia, rendi-me apenas a observar as ruas desertas daquela noite abafada. Ocasionalmente, sentia o olhar dela rastejando sobre mim e encolhia-me no estofado do carro, levemente constrangida.  Em meio aos devaneios do caminho, deixei minha imaginação fluir  e deleitei-me com pensamentos desconexos e formidavelmente excitantes, onde a protagonista era ela.

O ar estava cálido quando paramos em frente a minha casa. O silêncio parecia um barulho assustador e irritante que martelava no íntimo do peito. Ou talvez as marteladas fossem do meu coração, traíndo-me? Relatando tudo o que eu sentia através de batidas fortes?

"tá entregue!" escutei-a dizer. Descemos do carro e ela me entregou a chave. "Como você vai voltar pra casa?" a curiosidade me impulsionou a perguntar. Ela me lançou um sorriso. Aquele sorriso quase perverso que abalava minha calmaria. "Eu me viro!" respondeu.

Ainda incapaz de articular muitas palavras devido a forma intensa que nos encaravamos, murmurei um boa noite quase mudo e um obrigado dito de forma breve. Deixei-a ali, parada enquanto lutava para chegar até a porta e refulgiar-me de sua presença dentro da segurança do meu lar. Minhas mãos tremiam convulsivamente enquanto eu tentava buscar a chave no interior de minha bolsa. Arrisquei um olhar na direção em que ela estava e senti meu coração estancar momentaneamente. Parada a alguns centimetros de mim, ela estava. Sua proximidade era tão absurda que podia distinguir cada sarda de sua face. Sem aviso prévio, suas mãos agarraram meu rosto e seus lábios rumaram de encontro aos meus sem encontrar resistência.

As chaves apareceram. A porta foi aberta. Eu estava em sua companhia. Nossas bocas permaneciam unidas. A noite parecia longa o suficiente para o que viria a acontecer.

.


"Sei exatamente como é querer morrer, como machuca sorrir, como você tenta se encaixar mas não consegue, como você se fere por fora tentando matar o que tem por dentro."

Garota, Interrompida.