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terça-feira, 24 de agosto de 2010

falling apart


Matar alguém não era uma tarefa fácil, tampouco promissora. Apesar disso, algo me dizia pra continuar na tocaia, aguardando o momento certo para atacar. Sentei naquele espaço sujo e encostei a Sniper no canto da parede, abri a garrafa de água e tomei dois goles. Era um final de tarde quente e a umidade do ar era baixa. Xinguei-me mentalmente por ter aceitado este trabalho. Fitei o céu por alguns minutos, mentalizando todas as instruções que recebi e me perdi na imensidão com colorações incríveis diante dos meus olhos. Sempre fui fascinada pelo cair da noite.

Despertei em míseros segundos com o som dos fogos de artifício que anunciavam a chegada da minha presa. Procurei no bolso da calça jeans a cigarreira azul petróleo -ganhei do meu avô aos meus dezessete anos. – e apanhei um Marlboro Medium. O acendi com o isqueiro que sempre carrego comigo – presente do meu avô também. – e traguei, soltando, em seguida, a fumaça branca e entorpecente no ar.

Uma multidão se aproximava junto com ele; todos o aplaudiam, o veneravam. Com um sorriso de canto, posicionei a Sniper com a eficiência que fui ensinada e com a sua aproximação vantajosa, atirei.

O caos foi instalado. A roupa branca dele agora se manchava de vermelho. Toda a segurança que foi estipulada para protegê-lo procurava o causador de tamanho alvoroço. Alguns corriam na direção dele e checava o tamanho do ferimento em sua têmpora esquerda. E eu, satisfeita com meu desempenho, saia tranquilamente da cobertura do prédio com a arma do crime pendurada nas costas.

E se me encontrassem? Ninguém nunca conseguiu esse feito. Eu não era uma qualquer, eu fui treinada para matar. Exterminar a pessoa certa ou não, a sangue frio ou não. Eu era paga. Aquele era meu trabalho. Entrei no carro e fugi com o sentimento de dever cumprido.

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