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terça-feira, 6 de julho de 2010

Vida.


O dia já amanhecia lá fora e eu permanecia ali, sem conseguir adormecer. Sentia a respiração tranqüila dele enquanto seu peito nu subia e descia numa sincronia de inspiração e expiração. Acariciei lentamente sua face, tentando decorar cada curva do seu rosto anguloso.
Apoiei minha cabeça em seu ombro, roçando meu nariz em seu pescoço e sentindo o cheiro persuasivo do seu perfume, sendo invadida por uma sensação de satisfação e paz. Meu coração batia como nunca batera antes, pulsava com uma voracidade adormecida pelo tempo. Um sorriso brincava nos meus lábios enquanto isso acontecia; sorriso este, despertado pela felicidade que explodia em mim. Durante muito tempo, eu tentei ignorar tais sentimentos; enganando-me com o fato de achar que não necessitava de nenhum deles.
Puxei um pouco mais o lençol com o intuito de aquecer-me – entrava uma brisa fria pela fresta de janela aberta – me mexendo lentamente para não acordá-lo, fracassando um pouco e sentindo o braço dele, que envolvia meus ombros, puxar-me para encostar mais em seu corpo. Fiquei imóvel, vendo-o se acomodar novamente, acolhendo-me em seus braços. Encarei-o por alguns segundos e fechei meus olhos, com a sensação de que tudo estava completo e finalmente adormecendo.

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