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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Abandonada apenas com reflexos de vagas lembranças eu estava. A muito tempo, não permitia deixar que elas tomassem e invadissem o espaço seguro que tanto lutei para construir nas ultimas semanas. Tentei inutilmente afastar de mim as fontes que me devolviam sem pudor tamanho agravante dos problemas que me habitavam, mas a necessidade de sentir a presença de tal fonte me tornou fraca.

O sol já se despedia e deixava-se cair por trás das curvas montanhosas do horizonte. Pelas persianas da janela, adentrava seus ultimos raios que quebravam a penumbra instalada ali. Sobre a mesa, a cera da vela derretia conforme a chama lhe tocava. Sem lágrimas. O nó na garganta não estava atado. No peito, o coração pulsava e contorcia-se. O impulso de arrancá-lo sobreveio-me incontáveis vezes. Implorei para que minha cabeça assumisse o controle novamente. Perguntei-me em seguida se meu coração não cometeu o ato deplorável de persuadir minha cabeça a agir conforme ele desejava. Um complô milimetricamente planejado contra a minha sanidade mental.

Quando a escuridão se tornou maioria no cômodo, percebi o quão incorreta estava em permitir-me recordar tais acontecimentos. A sensação desagradável de perder o controle atingiu-me como um sopro. Meu eixo foi arrancado a força. A chama se apagou assim que sua fonte de vida derreteu por completo. Eu, completamente perdida no que estava instalado em mim, recolhi-me a um canto e permaneci ali, questionando apenas até quando deixaria aquilo me acontecer.

Busquei refúgio nas drogas que me foram receitadas. Arranquei forças no desejo intimo de abandonar aquele passado obscuro e repleto de complexidade. Acenei para situação  em sinal de despedida, mesmo sabendo que ela iria retornar. Implorei para que não fosse tão cedo.  

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