Páginas

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Le Suicidal Feeling - Parte 5


Era manhã quando levantei com a indisposíção entranhada no corpo. Havia sido uma noite longa. A cama parecia lutar com o meu sono e travei incontáveis batalhas com os lençois para finalmente fechar os olhos e deixar que os sonhos me carregassem para longe dali. Enquanto eu dormia, o coração batia inquieto no peito.

A manhã esgueirou-se pelo céu ainda nublado de outono. Nesse dia, alguns raios de sol pediram passagem por entre as nuvens para atingir as janelas do meu quarto e banhou-me com um calor fraco. Peguei o celular e consultei a hora. O relógio marcava 7:30. Respirei fundo a ponto de quase rasgar os pulmões e me desvencilhei das cobertas que prendiam o meu corpo. Ainda sentia o efeito das doses de alcool que bebi na noite passada. Evitei encarar-me no espelho.

A higiene matinal foi feita automaticamente. Meu corpo agia sozinho enquanto os meus pensamentos rumavam de encontro a mesma imagem que vinha me assombrando durante as ultimas semanas que se seguiram. O nó foi atado em minha garganta, mas dessa vez eu não me permiti chorar. Deveras o tempo que escorreu pelas minhas mãos não podia ser disperdiçado. Havia tanta vida lá fora, por que eu passei a resumir a minha entre as quatro paredes do meu quarto?

Desci as escadas, um pé após outro, e decidi sair para contemplar-me com uma vaga caminhada matinal. A brisa fria acariciou meu corpo enquanto os finos raios solares tocaram-me numa saudação de boas vindas para a vida. As ruas, já habitadas pelas habituais pessoas que pulavam da cama assim que o sol aparecia, não estava deserta. Virei na esquina onde sabia ter uma padaria. Necessitava alimentar-me.

O lugar era aconchegante quando cheguei lá. Há muito tempo não me permitia ir ali e tomar um café sem a preocupação com os ponteiros do relógio que não estavam ao meu favor. Fui nas prateleiras a fim de apanhar algumas bolachas para acompanhar meu café.

Foi quando eu a vi.

Me perguntei se a conhecia até me dar conta de que era uma desconhecida. Os cabelos loiros e curtos estavam presos parcialmente. Estava submersa na dúvida de levar bolachas integral ou tracional. Enquanto isso, eu me rendia a observá-la por trás dos óculos escuros que me ocultavam as olheiras. Fingi apanhar algumas caixas de biscoito e o olhar dela se arrastou até mim. Me perdi por segundos no verde de sua íris, até seu corpo passar por mim e eu a ver indo embora. Meu olhar a seguiu até a saída da padaria.

Um sorriso esgueirou-se em meus lábios e eu já havia desistido de tomar o café. Paguei pelas bolachas, pedi um Cappucicno e rumei de volta para casa, ainda vagando as ruas com o olhar no intuito de encontrá-la. Voltei pra casa com o desejo intimo de reencontrá-la.

Isso não tardou a acontecer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário