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sábado, 2 de outubro de 2010

amar?


Não era a primeira vez, já havia me adaptado aquele acontecimento. Deparei-me, mas uma vez, fitando o horizonte e pensando em você. Desde o começo, perguntei a mim mesma se valeria a pena encarar tudo sem medo. Me faltava lágrimas para esboçar qualquer tipo de angustia presa, já havia chorado o suficiente por uma vida inteira. Sempre foi um péssimo hábito. Eu regava lembranças de um passado que se fazia presente em todos os momentos. E chorava. Chorava como se todas as recordações tivessem acabado de ocorrer, mas que, porém, o tempo já tinha o matado. Depois eu me questionava porque eu mantinha aquelas lembranças e chorava novamente. Me recuperei, finalmente, desse fardo e percebi que meu passado deveria morrer. Passados nunca são bons, nos trazem lamentações por ter tomado uma atitude errônea, ou então por não ter tomado atitude nenhuma. Nos faz lamentar ter amado demais, ou não ter amado. Amar demais... Algo bem complexo a se pensar. Certa vez, você me disse que a cabeça está em cima do coração pra emoção não passar a razão. E eu lutei até os últimos vestígios de forças para fazer minhas as suas palavras. Não obtive sucesso. Eu já estava apaixonada por você e nada iria mudar isso. Não posso afirmar que foi fácil. Na verdade, não foi nem um pouco. E doeu. Doeu muito por um longo tempo. Eu não podia recorrer a minhas forças. Já havia perdido-as tentando lutar com todo aquele sentimento que me afligia. As forças vieram dos que estavam ao meu lado. Eles sustentavam minha alma como podiam. Senti vestígios da angustia, que momentaneamente senti, escorrer pela minha face e seu gosto salgado encontrar meus lábios. Não demorou muito para ser substituído por um doce sorriso. Aquele que foi trazido junto com a lembrança da sua voz pronunciando que me amava.  E desde aquele dia, eu nunca mais fui a mesma. Sentia-me completa. Viva novamente. Forte novamente. Desejei naquele momento encontrar a paz em seu abraço, entorpecer-me com seu cheiro e provar do seu gosto.

Não irá tardar a acontecer... Só restam três meses. Noventa e dois dias. Duas mil duzentas e oito horas que serão engolidas pelo tempo.

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