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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Le Suicidal Feeling - Parte 4


Já fazia três dias de chuva constante e minha cabeça exibia o cansaço de lembrar a imagem dela. Não conseguia assimilar a ausência repentina de sua companhia. Ou o modo como ela passou a me evitar no trabalho. Nossos olhares já não se cruzavam mais. Suas palavras já não eram dirigidas para mim e o essencial para ser dito era atirado aos meus pés. Parecia ironia, mas em minha casa, ainda havia vestigios de sua passagem em minha vida.

Percorri cada um dos comodos mais uma vez, sentindo as lembranças invadirem-me a cabeça e o passado sussurrar em meu ouvido o quanto eu sentia falta do que a ele pertencia. Evitava o máximo possível deixar com que as recordações me habitassem por mais de cinco minutos, mesmo não obtendo sucesso algum em tal feito.

Acendi um cigarro depois de juras feitas para mim mesma de nunca mais fumar. A penumbra habitava o cômodo da sala. Preferi mantê-la daquela forma. Me sentia melhor quando a escuridão me fazia companhia. Sentei no chão, encostada na parede fria, e traguei, deixando a nicotina envenenar o meu intimo como antes. Guardei uma foto nossa dentro de um livro para não ter que contemplá-la sempre. Só quando a vontade surgisse. Os pertences dela foram escondidos no intimo do meu armário. Preferi mantê-la viva ali na esperança de seu retorno.

Enquanto terminava o cigarro, rendi-me a fitar o telefone na esperança que ela ouvisse meus pensamentos a longa distância e me ligasse. Percebi logo em seguida que passei a duas semanas fazendo isso. Observando o telefone e esperando ver o nome dela no visor. Ou então me contendo para não telefoná-la só para ouvir a voz rouca que tanto me fascinava.

Não sabia mais lidar com a sua ausência. Precisava dela e do seu acalento. A pergunta era se eu a teria de volta.

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