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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Slow Life


O dia se espreguiçou no horizonte, anuciando que já amanhecera. Ela abriu uma fresta das cortinas para ver se valeria a pena abandonar a segurança de seu quarto para render-se ao mundo lá fora. As ondas do mar choravam quando atingiam a costa, os pássaros piavam seu canto matinal enquanto a brisa morna balançava a folhagem dos coqueiros. Tudo parecia bem.

Arrastou-se até a cozinha e contemplou a mesa vazia. O resto do jantar da noite anterior ainda jazia sobre ela. Resolveu apenas alimentar-me com torrada e frutas frescas, aquelas que trouxe antes de buscar abrigo naquele chalé à beira mar com o intuito de desfrutar de sua própria companhia. Parecia a mais apropriada na situação  em que se encontrava. 

Vestiu o moletom largo e surrado, nunca conseguiu livrar-se dele, por cima da camisola rendada e encaminhou-se para o lado de fora do chalé. Assim que abriu a porta, o sol sorriu pra ela. Despejou sobre seu corpo um calor que já não sentia a muito tempo. Sua luz quase cegou-lhe ao contemplá-lo. Ela não se importou.

Segurando as torradas e as frutas enroladas numa toalha, deu alguns passos até seus pés afundarem na areia branca da praia e o vento marinho lhe atingir a face. Sentou-se ali. Diante dos seus olhos, a tamanha magnetude do oceano. Buscou o fim do horizonte, até onde sua visão pôde ir e se sentiu minuscula diante de tanta vastidão.

Ali, naquela praia deserta, os problemas não a encontraram. Sua dor adormecera. Suas lembranças não mais a assombravam. Sua presença agora era prazerosa pra ela mesma. Comeu seu café da manhã. Permaneceu a manhã inteira ali, desfrutando de sua plenitude.

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