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sábado, 10 de abril de 2010

Please, don't leave me (parte 4)


Estava deitada no amplo sofá; a única luz vinha da TV ligada. Lá fora, um céu negro e sem nuvens, pontilhado de estrelas, enfeitiçavam qualquer um; com a exceção de mim, cujo vazio era tão grande que não me permitia contemplar tal magnífica beleza.
“A bolsa de valores despencou mais uma vez e...” tentei me concentrar na reportagem, mas meus pensamentos foram, mais uma vez, direcionados a ele. Sua pele morena complementava os cabelos castanhos e os olhos negros como o céu daquela noite. Seu cheiro vicioso parecia ainda estar entranhado na minha pele e sua voz sedosa ecoava frequentemente com as seguintes palavras: ’eu te amo’.
Não tive como fugir; as lagrimas preencheram meus olhos mais uma vez e umedeceram minha face rapidamente. Encolhi-me, como uma criança que sente dor, quando as recordações que eu tanto almejava esquecer voltavam para me lembrar o quanto doía à falta que ele me fazia.

Suas mãos firmes seguraram meus quadris eu me deixei levar, totalmente persuadida pela idéia insana de estar com ele. ‘eu te amo’ ele sussurrou em meu ouvido.

Mais algumas lágrimas rolaram. Levantei decidida a mudar de canal e mandar para longe a imagem dele que refletia no meu intimo. Clipe de uma banda desconhecida, canal da polishop, noticiários, novelas, reality show... nada seria capaz de desviar minha atenção. A culpa me tomava; milhares de mensagens e ligações dele que fui obrigada a ignorar.

No calor dos braços dele, eu adormeci totalmente entorpecida pela proteção que eles me ofereciam. Naquele momento, eu acreditei não ser mais capaz de deixá-lo, de abandoná-lo. Acreditei não ser mais capaz de viver em outro lugar que não fosse ao lado dele. ‘eu te amo’ ele sussurrou mais uma vez em meu ouvido antes de eu me entregar ao melhor sono da minha vida.

Eu necessitava tê-lo, amá-lo. Sentei no chão frio e abracei meus joelhos, escondendo meu rosto enquanto eu procurava fugir das minhas próprias lembranças. Perguntei-me se ele estaria bem. Se estaria feliz ou tão ferido quanto eu nas atuais circunstâncias.
A campainha soou, fazendo-me estremecer com o susto. Levantei-me, tentando secar a dor que ainda transbordava pelos meus olhos e fui em direção a porta. Acreditei que no momento em que fitei seu rosto novamente, estampando o sorriso tímido e triste de quem pede perdão, nunca mais fosse capaz de respirar novamente. Meu coração pulsou e eu mergulhei na dúvida se era de alegria ou frustração. Largando a mala no chão, ele fitou-me longamente parecendo querer quebrar o silêncio que pairava sobre nós, mas não sabendo exatamente como.
Sem agüentar mais, pronunciei mudamente ‘me perdoe’. Ele, com os olhos levemente marejados, assentiu e sem perder tempo, envolveu meu corpo com seus braços determinados e selou meus lábios aos seus.
Era indescritível como a necessidade e toda melancolia se tornaram meras lembranças ruins, esquecidas para sempre em algum lugar dentro de mim. A felicidade me atingiu com um sopro. Eu o tinha novamente, envolvendo meu corpo e minha mente. Preenchendo minha vida e minha alma. Eu não precisava de mais nada, naquele momento tudo bastava.

Fim.

[música: Farewell - Apocalyptica]

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