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quarta-feira, 28 de abril de 2010

liberdade?



Do ridículo da vida, brotou toda a amargura que carrego. Tantos sonhos desfeitos, palavras não ditas... Foram tantas lagrimas choradas, horas perdidas, tempos gastos com o sofrimento sem sentido. Suas palavras não me machucavam mais, sua faca não me feriu, sua felicidade não me incomodou. Meu desejo intimo esvaeceu num sopro continuo que não me machucou, que não abalou minha calmaria e que não balançou minhas estruturas. Ao que aparentou, elas se firmaram com mais força, incapazes de cair. Aponto em sua direção, pronunciando meu clamor de liberdade.

Finalmente, finalmente, finalmente!”

Olhei pela janela e vi, não chovia mais. Apanhei meu casaco e corri em direção a rua movimentada carregando comigo o sorriso que não aparecia há muito tempo. Talvez fosse um sorriso fingido, um reflexo da frustração que me consumiu e que estava evaporando aos poucos naquele momento. Fui atingida pela baforada de ar morno que sempre habita as ruas depois de uma tempestade. Pisei em algumas poças de água sem dar tanta importância, meu humor estava agradável o suficiente para que eu não me importasse. Era o fim da ditadura; minha vida havia sido devolvida.

Caminhei na direção da praia e logo pude sentir o cheiro da maresia que se misturava ao vento. Tirei meus sapatos encharcados e caminhei na areia molhada.

A brisa sussurrou em meu ouvido; intui que estivesse cantarolando comigo:

finalmente, finalmente a liberdade!”

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